Parcerias no Direito: a cultura da rivalidade criada desde a graduação
21 DE OUTUBRO DE 2021 JULIANA IZA TAVARES
Quando ainda estava na graduação, escutei um profissional do Direito falar que, ‘’se você não souber sobre o caso, e passar o cliente para outro advogado, fazendo uma parceria, você perderá o cliente’’. Não digo que foi exatamente a frase acima transcrita, mas a intenção foi esta: não às parcerias jurídicas.
A cultura da rivalidade é reverberada desde o início da graduação, tanto entre colegas quanto nas falas de certos educadores. Além do ideal do profissional jurídico sério e inalcançável (explorei esse tema em outro texto aqui do blog), nos é mostrado um mundo com imensa concorrência e rivalidade. ‘’Já existem muitos advogados, muita concorrência’’. E mais, ‘’cuidado com as parcerias, para não perder os clientes.’’
Seguindo essa linha de pensamento, muitos profissionais saem da faculdade com considerável medo da concorrência, acreditando que não irão se destacar, haja vista existirem tantos juristas no nosso país. Outros, tornam-se individualistas, não confiando em seus colegas. Não delegam nada, pois possuem receio de todos. Essa é uma boa visão para um bom profissional?
‘’Quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado, com certeza vai mais longe.’’ Essa frase pode até parecer clichê, mas Clarice Lispector possui grande importância em sua citação.
Fonte: Tenor
Sei que os trabalhos em grupo durante a faculdade podem ter formado um ‘’trauma’’ quanto a confiar nos outros. Mas, quando você encontrava as pessoas certas - responsáveis e fiéis aos ideais daquela atividade - com certeza vocês iam mais longe do que o esperado.
Após o curso, quando surge o momento de pôr todo o seu conhecimento em prática, possuir pessoas confiáveis ao redor te auxiliará bastante no seu crescimento. Ademais, compartilhar conhecimento não resulta em pessoas roubando suas ideias. Ajudar ao próximo não te diminui, mas muito pelo contrário.
Grandes profissionais são sempre proativos, e auxiliar os colegas não os diminui. Cada qual possui o seu lugar no mundo jurídico. Por isso, é importante criar essa nova linha de pensamento desde a graduação.
Fonte: Tenor
O conceito individualista surge no direito como reflexo da própria sociedade. Quantas vezes pensamos em grandes inventores como ‘’gênios solitários’’? Como forma de exemplificar, peço que se lembre do inventor da lâmpada Thomas Edison. Muitos vão imaginar um cientista preso em uma sala, sozinho, trabalhando incansavelmente em seus grandes inventos. Você pensou dessa forma? Se sua resposta for afirmativa, saiba que Edison não trabalhou de forma solitária, mas em equipe, ao lado de vários cientistas.
Conforme leciona Machado e Barros em seu artigo ‘’Thomas Edison e o Trabalho em Equipe‘’ no site Migalhas, ‘’ ele acreditava que as invenções e pesquisas poderiam ser melhor desenvolvidas por grandes mentes pensando juntas. Seu laboratório foi a base para a maioria dos laboratórios atuais e outros lugares de desenvolvimento de pesquisa. Até Thomas Edison, a maioria dos inventores atuava sozinho por vários anos, sendo que muitas vezes, desistiam de prosseguir nas suas pesquisas, porque não conseguiam responder algumas questões que apareciam ao longo do caminho.’’
A partir dessa leitura, busco que você retire suas vendas e abra seus olhos para o imenso número de possibilidades que te esperado caso se abra para novos aprendizados ao lado de novas pessoas. Escolha ir mais longe. Vamos juntos e juntas?