Como desenrolar seu TCC sem muita dificuldade!
28 DE MAIO DE 2021 POR GILVANDA MOURA
Olá meus caros leitores (d)espertos!
Hoje eu vim defender uma injustiçada, a minha queridinha “Associação Brasileira de Normas Técnicas” também conhecida por “bicho papão dos estudantes” ou ABNT!
A minha proposta aqui é explicar como desenrolar seu trabalho de conclusão de curso (tanto monografia quanto artigo científico) sem muita dificuldade. “Simbora”?!
Primeiro, antes mesmo de começar a escrever seu trabalho você vai precisar de três elementos:
1º) O manual da sua faculdade/universidade: Aqui vai explicar quais são as padronizações que precisam ter no seu trabalho. Todavia, nem sempre vai estar completa e será necessária a consulta da ABNT;
2º) Uma cópia da ABNT 14724: Estas são as normas de um trabalho de conclusão de curso e na ausência do manual da sua faculdade vai ser de grande valia!
3º) Um pré-projeto do seu trabalho de conclusão de curso: Esse documento antecede seu TCC e é importantíssimo. Embora algumas faculdades pule essa etapa (o que deixa o aluno muitas vezes perdido) é importante saber qual é o seu problema norteador e a metodologia que será utilizada para escrever.
Segundo, para escrever um TCC é necessário conhecer os seus elementos juntamente a suas funções:
Um trabalho de conclusão de curso possui 3 marcos de divisão quanto a seus elementos:
A) Elementos pré-textuais: São as partes que antecedem o corpo do texto. Elas preparam o leitor com as informações iniciais sobre seu trabalho. Imagine aqui que você pretenda cozinhar seu prato favorito, aqui seria a fase de cortar e separar os ingredientes (o famoso mise en place).
B) Elementos textuais: Nesta parte é o coração do seu trabalho, do qual deve ter um começo (introdução), meio (desenvolvimento teórico) e fim (considerações finais). No mesmo exemplo, seria o momento de cozinhar sua refeição do mais demorado (embasamento teórico) até o mais rápido (introdução e conclusão).
C) Elementos pós-textuais: Quanto a esta última, são os elementos complementares essenciais (referências) e facultativos (apêndices, anexos e outros). Situando o mesmo exemplo, os elementos complementares aqui seria o toque especial final do seu prato (o grand finale). Já os elementos facultativos não são, exatamente, necessários para o prato, mas pode deixá-lo mais gracioso.
Certo, consegui entender até aí, mas o que compõe cada marco de divisão?
Vamos lá, garanto que é muito simples!
1) ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS
a. Capa: É a parte externa do seu trabalho que consta dados como seu nome, nome da instituição que estuda, título e subtítulo (se houver) do trabalho, ano. A capa varia conforme a instituição, por isso atente-se ao manual da sua faculdade!
(OBRIGATÓRIO)
b. Lombada: É a parte lateral externa que une as páginas do seu trabalho e constam informações de autoria, título e demais informações que a instituição de ensino achar pertinente. Para preservar o meio ambiente muitas faculdades adotaram o modelo digital, dispensando o depósito do trabalho físico!
(OPCIONAL)
c. Folha de rosto: Terá os mesmos elementos da capa, somado a um pequeno texto na lateral direita (com fonte menor) informando a finalidade do texto e o nome do/a seu/sua orientador/a.
(OBRIGATÓRIO)
d. Errata: Caso na sua banca de defesa tenha sido notado algum erro textual ou numérico, deverá ser adicionada uma folha de errata realizando a correção.
(OPCIONAL)
e. Folha de aprovação: Documento com assinatura do/a seu/sua orientador/a e examinadores, que deverá ser cedido o modelo pela própria instituição (fique esperto quanto o manual).
(OBRIGATÓRIO)
f. Dedicatória: Uma sucinta forma de “oferecer” seu trabalho a alguém te inspire ou a uma causa que defenda. Sinceramente, aqui eu recomendo até uma linha.
(OPCIONAL)
g. Agradecimentos: Acredito que aqui seja autoexplicativo. Todavia, alerto a você, meu/minha saudoso/a leitor/a que lembre de agradecer a pessoa que confiou no seu trabalho, o/a seu/sua orientador/a. E claro, não se estenda demais aqui!
(OPCIONAL)
h. Epígrafe: Uma frase bonita ou inspiradora relacionada ao seu trabalho. Não esqueça de colocar o autor em baixo.
(OPCIONAL)
i. Resumo na língua vernácula: Vernácula é língua portuguesa, então olhe como o manual da instituição orienta a escrever. Lembre que aqui não se dá o espaço de parágrafo e o texto é “corrido”. Quanto as palavras-chave, mínimo de 3 palavras e até no máximo 5 palavras, devem ser separadas por ponto e colocadas conforme aparecem no texto, ou caso o docente que te oriente prefira, coloque-as em ordem alfabética.
(OBRIGATÓRIO)
j. Resumo em língua estrangeira: Tudo que foi escrito em português passe para um idioma estrangeiro. O idioma pode ser o inglês ou outro que você tenha proximidade, porém se for exigido no manual o inglês ou espanhol, adapte-se a um destes.
(OBRIGATÓRIO)
k. Lista de ilustrações/figuras: Mais comum em monografia. Se no decorrer do seu trabalho forem utilizadas figuras (“prints” ou fotos), orienta-se construir uma lista com o título de cada figura que aparece no texto (em ordem sequencial) acompanhadas do número da página.
(OPCIONAL)
l. Lista de tabelas: Mais comum em monografia. Segue a mesma regra para a lista de figuras.
(OPCIONAL)
m. Lista de abreviaturas e siglas: Mais comum em monografia. Se no seu trabalho foram utilizadas palavras em outro idioma (que aparecem repetidas vezes) ou siglas, crie uma lista em ordem alfabética para orientar o leitor do seu trabalho. Nem todo mundo que vai ler seu trabalho será necessariamente do seu curso!
(OPCIONAL)
n. Sumário: Atenção aqui! Assim como as listas seguem uma sequência, para monografia o sumário em formato de lista é o correto a fazer. Entretanto, se seu trabalho for um artigo científico (modelo tradicional sem adaptações), pode ou não ter este elemento (depende do manual).
(OBRIGATÓRIO)
2) ELEMENTOS TEXTUAIS
a. Introdução: O interessante nesta etapa é trazer uma contextualização do seu tema, com uma linguagem clara e acessível, reforçando quanto a temática escolhida é pertinente. Posterior a isso, traga para seu leitor seu problema-norteador.
“Vixiiii, e como eu faço isso, Gilvanda?”
Antes de escrever no texto se faça a seguinte pergunta: Qual é o problema do meu objeto de estudo?
Depois, se questione “De qual forma isso é um problema no contexto que eu pretendo direcionar minha pesquisa?”
Veja bem, seu trabalho deve criar uma pergunta para refletir, buscar e encontrar uma resposta nas conclusões.
Agora, deixando mais simples, segue o exemplo abaixo:
Imagine aqui que você é a Dora, a aventureira (sim, exatamente isso que você leu).
Qual é o objetivo da Dora?
Ela tem uma situação problema (uma pipa que voa para bem longe, uma festa, ou rever algum amigo querido) que precisa solucionar.
Isso é um problema-norteador.
Uma outra forma de explicar:
Existe o crime de feminicídio no Brasil (fato 1).
Esse crime serve para proteção de mulheres (fato 2).
Mulheres transexuais são mulheres e que tem direito a serem protegidas (fato 3).
Questão 1: Mulheres trans alcançam a norma penal citada?
Questão 2: Há formas de proteger a mulher trans através da previsão legal do feminicídio?
Problema-norteador: Sabendo da violência que é cometida todos os dias contra a comunidade LGBTQI+, do qual mulheres transexuais participam dessa luta. Questiona-se: A aplicação da previsão legal do feminicídio para mulheres transexuais diminuiria significativamente o número de mortes ensejando no melhor desdobramento para responsabilizar criminalmente o agressor?
Superado esse ponto, lembre de situar seu objetivo geral e, se houver, específico (sempre com verbos no infinitivo AR, ER e IR). Se não tiver tópico de metodologia no trabalho utilize esse espaço para explicar tecnicamente sua pesquisa (a classificação, natureza, procedimentos, métodos e afins). Por fim, reforce a importância do trabalho e a quem/ao que se destina.
b. Desenvolvimento
Nesta parte, seu melhor amigo se chama literatura científica (pode ser livros, artigos, legislação, gráficos, pesquisas realizadas, materiais utilizados e outros). Tu vai explicar sua temática através de conceitos importantes, fontes históricas, como se porta sua temática na atualidade.
Não esqueça, tudo que for escrito deve ser embasado.
“O que é isso exatamente?”
É aquele “perguntinha” do “Quem foi que disse isso?”/”Da onde foi retirado isso/essa ideia?”
* Se foi você, cite indiretamente (leia o trecho do autor/es e tente explicar com suas próprias palavras).
* Se foi o autor mesmo, cite diretamente. Lembrando que passadas 3 linhas (citação direta curta), segue as regras da citação direta longa!
c. Conclusão
Sabe aquele seu problema norteador? É a hora de falar a solução para ele. Claro, sempre bom trazer um apanho breve sobre o trabalho (a famosa revisão de ideias).
3) ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS
a. Referências: Está é a união de todos os autores juntos dentro dos padrões da ABNT 6023. Não deixe por último, toda vez que utilizar determinado autor já vá construindo um banco de autores (isso vai te deixar em vantagem no final do trabalho). Dê preferência a ordem alfabética que é mais simples de localizar, do que a ordem numérica.
(OBRIGATÓRIO)
OS PRÓXIMOS ELEMENTOS, SÓ FAÇA USO SE FOR EXTREMAMENTE IMPORTANTE OU SE TIVER TEMPO, EMBORA SEJAM MAIS COMUNS EM MONOGRAFIA:
Glossário: Diferente das siglas, aqui funciona como se fosse um dicionário. Utilizadas para palavras mais técnicas ou com sentido ambíguo/obscuro, que devem estar acompanhadas dos respectivos significados.
(OPCIONAL)
Apêndice: É um documento elaborado por você.
“Mas como assim?”
Sabe pesquisa de campo? Que o pessoal faz uso de formulários, entrevistas e questionários? Então, devem constar tanto nesta fase quanto no texto para fazer menção ao documento.
(OPCIONAL)
Anexo: Trabalho de outro autor que fundamenta ou comprova também seu trabalho, sem gerar nenhum prejuízo aos apontamentos essenciais trazidos por você.
(OPCIONAL)
Índice: Palavras ou frases que seguem uma sequência ou critério, das quais surgem orientadas no texto.
(OPCIONAL)
Então, espero ter amolecido seu coração um pouquinho para gostar de ABNT, e ajudado no seu TCC. Um cheiro e até a próxima!
